Cultura

Rapper Vandal lança Bala ih Fogo, prévia de álbum, com produção BaianaSystem

30 de Outubro de 2021 - A tarde
[Rapper Vandal lança Bala ih Fogo, prévia de álbum, com produção BaianaSystem]

Bala e fogo podem ser uma mistura explosiva – e é com isso que conta o rapper soteropolitano Vandal

Com o fervoroso single Bala ih Fogo, colaboração com Djonga, produzida por Russo Passapusso do BaianaSystem e lançada na sexta-feira, 29, nas plataformas digitais, o artista dá as primeiras pistas para seu álbum de estreia e traz uma roupagem nova para uma canção que ele cultivou desde 2015.

“Bala ih Fogo, assim como muitas músicas minhas, tem um que de veracidade. São momentos vividos e musicados. Histórias minhas, histórias que eu ouvi, histórias que eu vivenciei, que eu presenciei, que circulam todo esse perfil de vida, de bem e mal, de crime, de lazer, de dor, tristeza, felicidade…”, explica Vandal.

A canção nasceu durante uma ligação de telefone com um amigo, na qual o rapper discutia sobre notícias de racismo ocorrido em uma comunidade. “Essa ligação virou um revide meu sobre essa situação de discriminação que tava acontecendo e fez tanto sentido dentro de mim. E essa ligação pediu para ser musicada. É um diálogo com um amigo onde a gente extrapola esse grito de revolta contra as represálias que a gente tava recebendo da vida”, explica.

No entanto, Bala ih Fogo passou por diversos estágios e adaptações até chegar na versão final. Para Vandal, foi necessário mudar até que a canção fosse, de fato, sua. “Ela veio no meu primeiro mixtape [TIPOLAZVEGAZH, 2015], e foi gravada em cima de um instrumental gringo, norte-americano, um trap de Atlanta. Naquela época, era muito difícil conseguir gravar instrumentais próprios, era uma dificuldade financeira, de mão de obra dos beat makers. A gente tinha que se virar com pouco, ou quase nada”, conta.

Foi subindo no Navio Pirata, o trio elétrico do BaianaSystem, que começou esse longo período de transformações no DNA da canção. No trio, diz Vandal, a banda experimenta com tudo: “o show do Baiana é embrionário. Russo e a banda vão experimentando novas possibilidades, novos versos…”.

Ofício e responsabilidade

Colaborador frequente do BaianaSystem, Vandal relata que a gestação de Bala ih Fogo não foi apenas com a banda, mas também com o público. “O principal foi ver o público reagindo. Ele que conhecia o Bala ih Fogo como um grito da cidade, mas numa versão americanizada. Aos poucos, a música foi ganhando detalhes, a percussão ganhando forma, dando um cunho religioso, de baianidade. Eu percebi que a estava pronta quando vi que a guitarra fazia o povo pular, que as pessoas estavam trazendo o refrão como um grito de revide aos acontecimentos do país, todas as mazelas, o caos político”, narra.

Vandal descreve sua versão final do rap como “baiana”: “um rock, rap baiano, sincrético, sagrado, profano…”. “Tive a oportunidade de me aproximar dessa musicalidade de banda. Meu primeiro disco é instrumentalizado, onde a gente é agraciado pelas guitarras de Junix, um disco assinado pela percussão de Ícaro Sá”, explica.

Russo Passapusso, seu amigo de longa-data, diz que foi um caminho natural levar esse rap para a música popular brasileira e para algo próximo do samba-reggae.

Nascido no bairro da Cidade Nova, Vandal conta que vê em sua música um instrumento de transformação. “Tive uma vida em que experimentei todas as mazelas ali e tive um tempo em que estava nesse processo de revolta. Em dado momento, tive que fazer várias escolhas da vida. Uma das escolhas foi me afastar dessas problemáticas que eu vivenciava. Perdi muitos amigos, parentes, pessoas que eu amava muito”, reconta.

Ser artista, exercendo tarefas como a curadoria da Cidade da Música, é um ofício que ele vê como uma responsabilidade, e Vandal acredita que não deve fugir disso. “Tenho responsabilidade não só enquanto artista, mas enquanto homem preto, oriundo da periferia, que vivenciou todas as mazelas sociais… É preciso entender o quanto a gente é empurrado para o erro, o quanto a gente é colocado para a não-valorização, seja profissional ou pessoal, o quanto a gente é empurrado para as depressões”.

“Eu me coloco como uma voz e não tenho medo de assumir isso. Sou uma voz preta, de trincheira. Sou alguém que não tem medo, que fala a verdade, que tem uma história de vida verdadeira, e que não tá no circuito falando de falsas promessas. Sou um espelho desse povo, dessa massa que a gente encontra seja no carnaval, no dia-a-dia, nos coletivos, nos ambulantes, no povo que saiu de casa às cinco para ir pro seu trampo, das crianças…”.

 

Foto: divulgação

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