Esportes

Zagueiro Wallace relata que foi revistado como terrorista e lamenta afastamento de "amigos"

23 de Janeiro de 2017 - Thiego Souza

Em relato, Wallace fala da nova vida na Turquia e lamenta afastamento de "amigos"

O zagueiro Wallace, ex-Vitória, fez um relato emocionante falando sobre a nova oportunidade que a vida de atleta lhe deu aos 29 anos. Após afirmar ter "enterrado" as chances de jogar na Europa, eis que surge o convite para atuar no velho continente, porém a adaptação a Turquia não vem sendo fácil. Em seu relato, o zagueiro afirma que desde que saiu do Flamengo, alguns "amigos" o esqueceram, a mídia não o perseguia mais, porém sempre olhou para frente. Revelado pelo Vitória, Wallace atuou também pelo Corinthians, Flamengo e Grêmio. No início de 2017 foi emprestado ao Gaziantepspor, da Turquia. Confira o relato do zagueiro: O ‘peso’ da idade e o distanciamento dos holofotes – Wallace Reis Com apenas vinte nove anos tenho "experiência" ou seja, erros demais para um jovem chegando à casa dos trinta. Há algumas semanas completei vinte e nove anos. Para muitos, isso é motivo de grande alegria e festa, mas não é o meu caso. Sempre ouvi das pessoas que os anos de vida passam pelos nossos olhos e não percebemos. Acho que caiu a ficha. Além de sentir meu corpo mais rígido e mais lento, a energia que outrora me sobrava, parecem diminuir. Temos o costume de dizer que ficamos mais experientes com o tempo, mas recuso a acreditar nisso. Certa vez Oscar Wilde ( sim, aquele que era homossexual no século XIX) disse: “Experiência é o nome que damos ao nossos erros”. Fui obrigado a amadurecer antes do prazo de validade. Com apenas vinte nove anos tenho “experiência” ou seja, erros demais para um jovem chegando à casa dos trinta. Minha carreira tomou rumos inesperados e até controversos do que se imaginava. Saí do Flamengo, deixei de ser o capitão da torcida mais popular do país, e junto com isso os “amigos” se foram também. Os holofotes não mais me perseguiam, e deixei de ser “interessante”. Descobri devido à minha ingenuidade, que de fato vivemos em mundo capitalista e de interesse mútuo. Meus sonhos pareciam mortos, e a frustração parecia se apossar de tudo aquilo que planejei e não pude concretizar. Porém, aos quarenta e seis do segundo tempo, no apagar das luzes, acontece o que eu já havia enterrado ha algum tempo: jogar na Europa. Recebi o convite de jogar na Europa (Bom, a Turquia é metade Europa, metade Ásia. Eu fiquei na Ásia). A felicidade foi plena no primeiro instante. Imaginei milhões de coisas, comida, língua, pessoas, futebol e também atentados. O país vive uma grande crise política, com uma suposta tentativa de golpe, mas não poderia deixar essa oportunidade passar. Arrumei minhas malas e encarei 22 duas horas de viagem. Diga-se de passagem, fui revistado como suposto terrorista em três aeroportos europeus, mas esse pequeno empecilho não poderia me parar, e como Marco Pollo, segui desbravando as terras áridas e geladas até Gaziantep, a cidade mais antiga do mundo. Hoje início uma nova vida, como esse país que lutou contra seus opressores, e derramou muito sangue pra se libertar das amarras dos seus perseguidores( o vermelho da bandeira turca representa sangue.) Assim farei: deixarei meu sangue nas batalhas campais, me libertarei das opressões que me assoalharam e farei um novo reinado sobre minha vida. Selamün aleyküm.

Comentários

Outras Notícias