Saúde

Mulheres com medo de sexo ganham centro de tratamento em SP. Conheça o distúrbio

09 de Junho de 2011 - Piatã

Quando uma mulher “trava na cama” e não consegue levar o sexo adiante, é comum os homens taxarem a cena como charminho ou frescura.

Quando uma mulher “trava na cama” e não consegue levar o sexo adiante, é comum os homens taxarem a cena como charminho ou frescura.

Em alguns casos pode até ser, mas quando o comportamento é recorrente pode ser sinal de que ela sofre de vaginismo – um sério distúrbio emocional que tem como sintoma a contração da musculatura da vagina, impedindo a penetração do pênis e causando dor durante o ato sexual.

Pouco conhecido, o distúrbio afeta mulheres de todas as idades que, geralmente, passaram por grandes traumas, como abuso sexual ou estupro, ou tiveram uma educação muito rígida.

A qualquer sinal de toque na região genital, ela se assusta, contrai toda a musculatura interna da vagina, além dos músculos das coxas e das nádegas, impedindo o parceiro de penetrá-la, explica a ginecologista Carolina Ambrogini, coordenadora do CATVA (Centro de Apoio e Tratamento do Vaginismo), da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo).

- É uma tensão inconsciente por medo de doer, de não caber [o pênis].

A vagínica tem lubrificação, consegue se excitar, fazer sexo oral.

O problema é com a penetração.

O CATVA foi criado em janeiro deste ano, depois que o Departamento de Ginecologia da Unifesp passou a receber casos como este com muita frequência.

Hoje 50 estão em tratamento e uma fila de espera foi aberta.

O ambulatório está localizado na Rua Embaú, 66, na Vila Clementino, zona sul de São Paulo.

Mais informações podem ser obtidas pelo telefone (11) 5549-6174.

Na lua de mel Soraia (nome fictício), de 25 anos, notou que tinha o problema na lua de mel, há dois anos.

Ao se casar virgem, o enfim sós da brasiliense se tornou um drama.

Ela não conseguiu transar com o marido e esperou nove meses para recorrer à ajuda médica, depois de muita briga.

- Eu percebia [que tinha um problema], por mais que conseguisse fazer sexo oral, ter prazer.

Ele era mais experiente e chamava atenção para eu ir ao médico, mas eu era cheia de pudor.

Sua primeira e grande dificuldade foi saber o que aquele medo significava.

Foi pela internet que descobriu o termo vaginismo.

Depois correu ao ginecologista que confirmou o diagnóstico por nem conseguir examiná-la.

Segundo Carolina Ambrogini, a mulher que sofre do distúrbio não consegue sequer passar por um exame ginecológico e, em casos extremos, nem lavar a vagina direito por medo de tocá-la.

Por ser de natureza íntima, mas com reações físicas, o tratamento deve aliar sessões de psicoterapia, fisioterapia, às orientações de um ginecologista, ensina a ginecologista e terapeuta sexual Glene Rodrigues Farias, que acompanha mulheres vagínicas no Hospital Pérola Biynton, em São Paulo.

Da terapia ao vibrador De um começo tímido de sessões de terapia, ela foi ganhando confiança e progredindo à medida que iniciou exercícios de pompoarismo e de introdução de pequenos objetos na vagina, como um absorvente íntimo, com auxílio de uma fisioterapeuta uroginecológica (especialista em exercícios na área genital).

Por volta do quarto mês, depois de tornar a prática dos exercícios diária em casa, conseguiu, por fim, introduzir uma prótese do tamanho e largura semelhantes a de um pênis considerado normal.

O avanço lhe deu mais confiança de tentar a penetração com o marido, o que foi feito com sucesso.

Passado mais alguns meses, Soraia se diz curada.

- Antes eu só sentia dor e medo, hoje chego ao orgasmo.

Nossa relação melhorou mil por cento.

Ele já era um marido compreensivo, mas o sentia muito triste, deprimido.

E agora ele é motivado.

Todo esse processo ela relata em seu blog Soraia e o Vaginismo.

O final feliz da brasiliense é possível para até 100% das mulheres que sofrem do distúrbio, segundo a terapeuta sexual Glene Rodrigues Farias.

Há 15 anos tratando de mulheres com o problema, Glene chama atenção também para a forma secundária da doença, que pode ser adquirida depois de uma cirurgia na região vaginal ou mesmo por causa de infecções genitais recorrentes.

Estes casos, assim como primários, são tratados por ela de forma multidisciplinar, com a inclusão da terapia de grupo.

  - Quando cada uma conta o que acontece com ela, todas se sentem mais aliviadas e criam uma postura mais positiva.

Por para fora o problema tende a ajudar muito a vagínica.

Tanto que, como Soraia, muitas relatam as dificuldades do tratamento em blogs.

A fisioterapeuta Maria Angélica Alcides, do CATVA, finaliza sua tese de mestrado sobre o vaginismo, assunto que considera pouco explorado pela medicina.

- A fisioterapia tem o objetivo de diminuir a tensão muscular, orientar a paciente a entender melhor o seu corpo, entender o que a doença causa e ensinar a mulher a se tocar.

Para se chegar a isso, a profissional – não se admite homens, por questões óbvias – deve criar um “laço com a paciente”, diz Angélica.

Isso porque é por meio de massagens externas e internas que a fisioterapeuta ensina a mulher a se descobrir.

- As vagínicas costumam ser mulheres do tipo dominadoras, com personalidade forte, mas que se sentem diminuídas como mulher.

Porém elas têm maridos mais passivos, que são muito parceiros.

* Fonte: R7

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