O racismo: cínicas soluções e novos malabares
01 de Março de 2019 - Redação Pernambués agora
Nos últimos dias, o fato de um cliente da Caixa Econômica Federal ter sido discriminado pelo gerente de uma agência bancária, em Salvador, teve significativa repercussão
Apesar do aparente espanto de muitos, este é um fato corriqueiro na capital baiana, casos de discriminação racial se sucedem cotidianamente em espaços públicos e privados. Embora, tenha sido brutalmente agredido, o correntista conseguiu sair com vida, ao contrário do cliente negro agredido, no mercado Extra, no Rio de Janeiro, que morreu, também por estrangulamento.
Diante das ações coletivas dos diversos movimentos sociais, em especial os ligados à causa racial, a Caixa informou que decidiu afastar o gerente que cometeu o ato racista. A medida foi amplamente divulgada, gerando, inclusive, em alguns, o sentimento de triunfo diante o absurdo ocorrido. No entanto, o que se apresenta é mais do mesmo, ou seja, mais uma solução cínica.
O roteiro já é bem conhecido, o gerente afastado à véspera do carnaval, provavelmente vai viajar para aproveitar o feriado prolongado, findado o afastamento ou o carnaval, será alocado em outra agência, e não sofrerá nenhum tipo de reprimenda por parte da instituição pública. Quando um dia for novamente questionado, o banco emitirá mais uma nota lacônica, informando que após apurar os fatos e rever as gravações, adotou as providencias legais e cabíveis. Esse mesmo comunicado trará estampado em suas entre linhas a declaração que ações como esta e outras semelhantes estão legitimadas pelo poder estatal.
Outro fato estarrecedor, foi o malabarismo utilizado, por alguns, para dar luz à conduta do gerente e colocar em segundo plano a ação policial. Ainda que o funcionário da Caixa tenha solicitado que os militares adentrassem a agência para reprimir as legítimas reivindicações do correntista, é evidente que os militares agiram com excesso. É imperativo a responsabilização do banco assim como da Polícia Militar da Bahia.
A pseudo miopia talvez tenha sido gerada pela naturalização da forma violenta que a polícia trata os corpos negros, sendo assim, ver um agente público apertar o pescoço de um cidadão indefeso, quase tirando-lhe a vida, não choca mais, ou na verdade, é uma tentativa de não tecer críticas à política de segurança pública do atual governo, o que me parece de igual gravidade. Seja lá qual for a motivação é algo para refletir e ficar atento.
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