Logo após a decisão do Tribuna Superior Eleitoral (TSE), que aprovou a inelegibilidade de Jair Bolsonaro (PL) por oito anos, por abuso de poder político e uso indevido dos meios de comunicação, o ex-presidente concedeu entrevista, em Belo Horizonte (MG).
Muito irritado, ele protestou contra o resultado (5 a 2 pela inelegibilidade), atacou a Justiça Eleitoral, o governo do presidente Lula (PT) e a imprensa. Bolsonaro voltou a levantar suspeitas sobre as urnas eletrônicas, dizendo que o inquérito da Polícia Federal (PF) para, supostamente, investigar irregularidades nas eleições de 2018 não foi concluído e que isto teria sido utilizado em seu julgamento.
“O inquérito não foi concluído ainda. Fui julgado por um inquérito que está há cinco anos para apurar possíveis irregularidades nas eleições de 2018. Por que esse inquérito não foi cumprido até hoje? Não posso ser julgado por algo que não existe, se as eleições de 2018 foram seguras ou não. Por que esse inquérito não foi concluído pela Polícia Federal? Era um inquérito sem classificação sigilosa. Também fui julgado pelos atos do dia 8 de janeiro. Qual a minha participação nesses atos? Quem perdeu com aquilo? Também fui julgado pelos atos de 12 de dezembro, dentre outros”, declarou.
Bolsonaro, apesar de todas as evidências, negou que tenha articulado um golpe de Estado. “Desde que eu assumi falaram que eu ia dar um golpe. Nós acompanhamos as eleições, a maneira como o TSE agiu. Me proibiu até de fazer lives na minha casa. Eu me recolhi, a transição foi feita com normalidade. Dia 30 eu saí do Brasil e, infelizmente, aconteceu o 8 de janeiro. Quem fala em golpe no 8 de janeiro não sabe o que é golpe, com todo respeito, é um analfabeto político”.
“Hoje, levei uma facada nas costas”, disse. Em outro trecho da entrevista, ele disse: “Há pouco tempo tentaram me matar em Juiz de Fora, levei uma facada na barriga. Hoje, levei uma facada nas costas com a inelegibilidade”.
O ex-presidente ironizou a decisão do TSE e afirmou que acredita que tenha sido “a primeira condenação por abuso e poder político”. “Um crime sem corrupção. Isso é crime? Abuso de poder político? Por defender algo que eu sempre defendi quando parlamentar?”, destacou, se referindo ao voto impresso.